Escolher ecológico ajuda a poupar: as novas ideias para o consumo sustentável

Já pensou que ao comprar um eletrodoméstico, computador ou telemóvel também está a fazer uma escolha de sustentabilidade? A sustentabilidade pode ajudar a comprar melhor e a poupar. Para apoiar este consumo sustentável, alguns países têm sistemas de vales ecológicos para os trabalhadores.
Sustentabilidade: inovar, escolher, poupar
A sustentabilidade não é só um rótulo: é também uma oportunidade de inovação, para quem fabrica, e de poupança, para quem compra. Afinal, os eletrodomésticos e a eletrónica são duas áreas com peso significativo no orçamento familiar – não apenas quando vamos a uma loja comprar, mas também, mensalmente, ao pagarmos as contas de água, gás e eletricidade.
Hoje em dia, é fácil encontrar informação que nos ajuda a escolher melhor.
A escolha nas mãos do consumidor
Dos três princípios fundamentais de sustentabilidade (reduzir, reciclar, reutilizar) muitas vezes esquecemos o primeiro. Consumir menos é o primeiro passo e o mais eficaz. No caso dos eletrodomésticos e eletrónica, a solução, neste passo, passa sobretudo por comprar equipamentos de qualidade, que não precisem de ser substituídos rapidamente. Ao ter cuidado na compra não só reduzimos o consumo de energia ou água, como acabamos muitas vezes por não ter de substituir o equipamento tão cedo.
Etiquetas energética: poupança de A a G
Além de comprar menos, importa também comprar melhor. A escolha tornou-se mais fácil desde que foram criadas na União Europeia as etiquetas energéticas. Todos já vimos os autocolantes que classificam de A (mais eficaz) a G (menos eficaz) o consumo de energia dos aparelhos. Este sistema foi introduzido em 1992 pela UE. Tem três grandes vantagens: primeiro, ajuda os consumidores a saberem o que estão a comprar; segundo, contribui para reduzir o consumo de energia; e terceiro, incentiva as empresas a inovarem tecnologicamente para conseguirem melhores classificações.

Ao comprar um equipamento que gasta menos energia e água, o consumidor vai poupar nas suas contas mensais . Por exemplo, um frigorífico fabricado em 2020 gastava 75% mais energia do que um atual. Mesmo que os equipamentos eficientes sejam um pouco mais caros, a poupança de energia acaba por compensar rapidamente.
Reparar e recondicionar: vida nova ao que é velho
Nem todas as formas de reduzir o impacto ambiental são fáceis, porque algumas passam por alterações do comportamento dos consumidores e de hábitos instalados (quem não se sentiu já tentado a trocar o telemóvel só porque saiu um novo modelo?). Cada vez mais, o ciclo de vida dos telemóveis e outros gadgets é mais curto, o que leva à acumulação de lixo eletrónico. Apenas 20% deste lixo é reciclado e muitas das matérias-primas valiosas e escassas usadas para produzir os equipamentos (como cobalto ou lítio) acabam por ser deitadas fora.
Mas há cada vez mais opções, para quem está disposto a fazer escolhas sustentáveis: a chamada reparabilidade e os aparelhos recondicionados são duas dela.
No que toca à reparabilidade, em março de 2023 a União Europeia apresentou uma proposta para obrigar os fabricantes a garantir que mesmo depois de passado o período de garantia os consumidores possam reparar os equipamentos, em vez de os substituirem por novos. Na proposta, os prazos para a reparação variam entre os 5 e os 10 anos. Os fabricantes são obrigados a ter peças de substituição e a conceber os produtos de forma a que sejam fáceis de reparar – por exemplo, têm de poder ser desmontados sem que isso estrague o aparelho.
Isto requer que o design dos produtos tenha, já de raiz, estas regras em conta: deve permitir que a vida de um eletrodoméstico ou de um computador se prolongue, evitando que o seu único destino possível seja o lixo (mesmo que esse lixo seja reciclável).
Uma outra tendência é a dos equipamentos recondicionados, como computadores ou telemóveis. Equipamentos com algum uso passam por uma verificação e eventual reparação técnica, de forma a ficarem como novos, e podem ser comprados a preços mais baixos: não há lixo produzido, e o produto tem uma garantia de qualidade. São vários os fabricantes e revendedores que recorrem a este sistema.
Mas e quando já não há saída para a máquina de lavar ou para o telemóvel?
A reciclagem acaba por ser o destino dos equipamentos que não têm reparação possível. Seja entregando os aparelhos nas mesmas lojas onde vamos comprar um aparelho novo, ou deixando-os num ponto de recolha (como o Ponto Eletrão), é sempre possível, se não eliminar completamente o desperdício e a nossa pegada ecológica, pelo menos reduzi-los.

Poupar em casa: dicas
Depois de comprar o seu televisor, fogão ou telemóvel, há vários pequenos gestos que pode fazer e que vão ajudar a poupar. Deixamos-lhe algumas dicas:
Frigorífico
- Compre um frigorífico adequado às suas necessidades: não deve ter um frigorífico muito grande se depois está quase sempre vazio
- Instale-o corretamente, longe de fontes de calor e mantendo uma distância da parede de uns 10 cm
- Mantenha a temperatura bem regulada (3-5 graus no frigorifico, máximo de -18 no congelador).
- Distribua bem os alimentos no frigorífico; não o deixe muito vazio, mas também não amontoe alimentos nas prateleiras, que impedem o ar frio de circular
- Não guarde os alimentos ainda quentes no frigorífico: vai aumentar a temperatura interior e obriga a um maior gasto de energia para baixá-la
- Faça manutenção regular: limpe a grelha da parte de trás, não deixe acumular gelo no congelador, verifique se as borrachas das portas estão em bom estado e não deixam o frio sair
- Evite abrir e fechar a porta do frigorifico muitas vezes, para o frio se manter no interior
Máquinas de louça e roupa
- faça as lavagens com a carga completa (mas sem ter de forçar as portas para fechar)
- não lave com temperaturas desnecessariamente altas, que gastam mais energia
Outros
- use lâmpadas economizadoras: são mais caras, mas compensam
- use temporizadores ou tomadas inteligentes (controladas com o telemóvel) para definir as horas em que estão mesmo desligadas; assim evita que os aparelhos se mantenham em stand by quando tem a certeza de que não estão a ser usados
- Escolha pilhas recarregáveis
Ecovoucher: um incentivo ao consumo sustentável
Alguns países, como a Bélgica, têm sistemas de incentivo ao consumo sustentável recorrendo aos vales sociais. As empresas atribuem aos seus trabalhadores um vale anual, no valor máximo de 250 euros, que pode ser usado para comprar produtos e serviços ecológicos, bem como para sistemas de poupança de água e energia, tratamento adequado de lixos, etc. Uma vez que o vale não pode ser trocado por dinheiro, há uma garantia de que é usado efetivamente para o fim a que se destina, ajudando as famílias a criar hábitos de sustentabilidade. Os trabalhadores conseguem uma dupla poupança: por um lado, dispõem de produtos que gastam menos energia; por outro, não têm de pagar IRS nem taxa de segurança social sobre o valor do vale, que é isento de impostos.