Famílias cortam na alimentação para combater os preços altos

Famílias cortam na alimentação para combater os preços altos

O preço dos produtos alimentares continua a subir. Esta é uma realidade a que ninguém escapa, embora as famílias com menos recursos sejam obviamente mais afetadas. A taxa de inflação abranda, mas continua a ser mais alta para a alimentação do que para outros bens. Isso implica, para muitas pessoas, a difícil decisão de fazer cortes no momento de comprar comida.

O preço do cabaz alimentar da DECO – um conjunto de produtos alimentares considerados básicos por esta associação – superava no início de novembro de 2023 os 228 euros. Ou seja, quase mais 20 euros do que há um ano, e a subir de forma quase constante após uma breve pausa no verão. Frutas e lacticínios têm sido, desde março de 2022, os produtos mais afetados, colocando as famílias perante decisões difíceis, em termos de variedade e saúde, no momento em que vão abastecer-se.

Na hora de comprar, onde cortam os consumidores?

A pressão que a subida de preços coloca na qualidade da alimentação é muita: por um lado, as despesas com comida (excluindo restaurantes) correspondem, em Portugal, a cerca de 18% do rendimento (segundo dados do barómetro do programa FOOD ; por outro, a inflação continua a ser mais alta nos produtos alimentares do que em outros bens.

A alimentação acaba por ser uma das áreas onde as pessoas optam por fazer cortes, até por ser mais flexível do que outras (como por exemplo a energia). O mesmo estudo do programa FOOD coloca os portugueses em destaque: 96% dos que responderam ao inquérito dizem-se dispostos a cortar nas despesas com comida.

As idas a restaurantes são das primeiras despesas a ser reduzidas. Mas a tendência nas visitas a mercearias e supermercados também é de mudança de hábitos, para manter as despesas dentro do orçamento disponível.

Esta tendência é global. A Deloitte Consulting faz uma análise regular de hábitos de consumo, ao nível mundial, a que chama ‘Índice de Frugalidade Alimentar’. Este índice tem em conta as várias formas de poupança que os consumidores adoptam no momento de comprar comida e analisa a tendência geral. Comprar marcas brancas, escolher ingredientes mais baratos e comprar simplesmente menos comida são algumas dessas opções. O que os dados mais recentes também revelam é que, sem surpresa, são as famílias com menores recursos quem mais sofre o impacto da subida de preços.

Subsídio de refeição: um aliado para garantir a alimentação adequada

Neste cenário, o subsídio de refeição tem um papel ainda mais importante: acaba por ser uma espécie de fundo de reserva, uma garantia de que há sempre um valor disponível para comida. Esta vantagem é maior se o subsídio for pago em cartão, por garantir um maior rendimento líquido disponível em virtude da isenção fiscal (superior à do pagamento em dinheiro) e por ser dedicado, ou seja,  o valor recebido em cartão só pode ser canalizado para alimentação e – o que contribui para cumprir o seu papel de garantir uma alimentação adequada e saudável aos trabalhadores.