Mobilidade elétrica: quais as vantagens e os apoios?

O futuro é elétrico? Parece cada vez mais que sim. Falamos da mobilidade elétrica – da aposta em modos de transporte que não consomem combustíveis fósseis, não emitem gases poluentes e podem contribuir muito para que as cidades do futuro sejam mais verdes (e mais humanas). As empresas têm aqui também um papel a desempenhar.
Mobilidade, sim – mas com qualidade
As cidades estão hoje, como sempre, em mudança: as ciclovias e as novas linhas de metro são um sinal da aposta na chamada mobilidade suave, tanto em transporte individual como coletivo.
Todos sabemos porquê, e muitos de nós vivemos no dia-a-dia as consequências destes problemas: congestionamento do tráfego, poluição, dificuldades em conciliar os espaços para peões e para automobilistas, stress, rotinas sem exercício físico. Calcula-se que nos próximos anos haja cada vez mais pessoas a viver nos meios urbanos, o que só virá agravar estes problemas.
Os meios de transporte elétricos são cada vez mais diversos, ajudando-nos a gerir o nosso quotidiano de forma mais eficaz. Desde os transportes públicos (como os autocarros) aos individuais (carros elétricos, scooters, trotinetes, bicicletas clássicas ou elétricas), todos tornam mais fácil circular nas cidades.
E claro, ajudam a cumprir os objetivos de redução de emissões de CO2 que fazem parte dos acordos internacionais.
Que tipo de apoios existem para a transição elétrica?
Para incentivar os cidadãos à mudança, o Governo português tem, desde há mais de uma década, programas de apoio que passam não só pela compra de bicicletas, scooters e carros elétricos ou híbridos, mas também pelo leasing, redução de impostos, compra de carregadores, etc. As vantagens podem ser diferentes, consoante o comprador seja um particular ou uma empresa.
Quem comprar um veículo ligeiro 100% elétrico, por exemplo, pode candidatar-se a um incentivo do Fundo Ambiental de até 4000 euros. Os particulares ficam isentos de pagar o Imposto sobre Veículos (ISV) e o Imposto Único de Circulação (IUC). Já as empresas ficam isentas de pagar não só ISV e IUC, mas também Tributação Autónoma.
Finalmente, o carro elétrico tem vantagens adicionais em muitos municípios. Em cidades como Beja, Funchal, Guimarães, Lisboa, Loures, Oeiras, entre outras, os carros 100% elétricos ou não pagam, ou têm desconto nos estacionamentos. E além disso, podem entrar nas zonas das cidades que estão classificadas como de baixa emissão, vedadas aos carros com motor de combustão.
O sucesso do programa de incentivos do Fundo Ambiental tem sido enorme: na sua última edição (2023), os pedidos de apoio para compra de carros elétricos esgotaram após poucos dias.
Comprado o veículo, é possível também aproveitar os apoios quer ao carregamentos na rede pública Mobi.e, quer à instalação de carregadores para uso de condomínios.
Vales de mobilidade elétrica: uma aposta de valor
Esta aposta na mobilidade elétrica pode envolver as próprias empresas. Em vários países europeus, há vales que se destinam especificamente à mobilidade elétrica, na prática, de forma semelhante aos apoios governamentais.
Na Bélgica, por exemplo, o “éco-chèque”, que existe já desde 2009 e se destinava inicialmente à compra de equipamentos (como eletrodomésticos) com certificação ecológica e baixo consumo de energia, passou a poder ser usado também para a mobilidade verde. Permite comprar scooters, bicicletas, veículos monorroda e hoverboards, com ou sem motor elétrico, bem como bilhetes em transportes públicos. Este vale, que tem o valor máximo anual de 250 euros, pode ainda ser usado para reparação de bicicletas e carregamento de veículos elétricos. Em 2022, cerca de 80 mil empresas recorriam aos eco-vouchers, que beneficiavam mais de 1,5 milhões de trabalhadores.
Numa área com tantas opções e que (literalmente) movimenta tantas pessoas, entidades e empresas, as possibilidades de criar uma oferta de benefícios interessante para empregadores e trabalhadores são muitas.